Os acontecimentos não ocorrem por acaso. Se em 1945 foram achados textos gnósticos milenares em Nag Hammadi, Alto Egito, foi porque eram para ser achados naquela data e para serem mundialmente divulgados. Ficaram escondidos por séculos e séculos a fim de serem vistos pelos olhos da humanidade apenas na época predestinada.
No Códice Askewianus, que se encontra no Museu Britânico, conhecido como Pistis Sophia, o livro sagrado dos gnósticos, lê-se no capítulo 42 o seguinte: “E aconteceu então que, depois de Jesus ter escutado a Filipe, disse-lhe: ‘Escuta, Filipe, bendito, o que falo. Sois tu, Tomé e Mateus, a quem o Primeiro Mistério manda escrever todos os discursos que eu direi, tudo que farei e todas as coisas que vereis”. Pelo que se deduz ser Filipe um dos escolhidos para escrever os ensinamentos de Jesus; logo, também, um dos autores da bíblia gnóstica chamada Pistis Sophia.
Dentre os 52 ou 53 textos encontrados em Nag Hammadi e contidos no Corpus Gnosticum da biblioteca de Khenoboskion está o Códice ii, que se tornou conhecido como O Evangelho de Filipe. O tema nele exposto é o Mistério da Câmara Nupcial.
Seu primeiro tradutor dividiu o texto em 127 versículos, forma com a qual é hoje apresentado. Alguns trechos não puderam ser traduzidos porque o tempo tornara ilegível os caracteres, mas a sua quase totalidade foi resgatada.
Eis aqui, portanto, para seu conhecimento, o Mistério da Câmara Nupcial.
2
Um hebreu faz um hebreu e o chamam assim: prosélito. Porém, um prosélito não produz um prosélito. Alguns homens são como são desde o princípio e produzem outros. Não obstante, há outros, para os quais, basta que venham à existência.
3
O escravo busca apenas ser livre. Elo não busca a substância do seu patrão. O filho não só busca a liberdade pelo fato de ser filho, como também reclama a herança do pai.
4
Quem herda aquilo que está morto (dos mortos), ele próprio está morto e é herdeiro de coisas mortas. Mas, quem herda aquilo que é vivo (de quem está vivo), ele também está vivo e é herdeiro daquilo que está vivo o daquilo que está morto. Os mortos nada herdam. Como poderia herdar o morto? Se o morto herdasse aquilo que está vivo, não morreria; ao contrário, viveria.
5
Um pagão não morre. Este, de fato, jamais viveu para poder morrer. Porém, aquele que acreditou na Verdade, este encontrou a vida e está em perigo de morrer. De fato, ele vive desde o dia em que o Cristo veio.
6
O mundo está criado; embelezadas estão as cidades; aquele que está morto se foi.
7
Quando éramos hebreus, éramos órfãos. Somente tínhamos o nossa mãe. Mas, transformados em cristãos, tivemos pai e mãe.
8
Quem semeia no inverno colhe no verão. O Inverno é o mundo e o verão é o outro eon. Semeamos no mundo para poder colher no verão. Por Isso, não devemos orar no inverno. Depois do inverno vem o verão. Se alguém colhesse no Inverno, não colheria, ao contrário arrancaria.
9
De fato, quem assim atua não mais produzirá fruto algum. Não só este aqui não brota como ainda no sábado a Força dele resultará estéril.
10
Cristo veio para resgatar uns e salvar outros, isto é, para redimir o outros. Resgatou os estrangeiros e os fez seus. Ele salvou aos seus, os quais tornou aptos conforme a sua vontade. Não testemunhou sua alma somente quanto se manifestou, querendo-o, como também testemunhou sua alma quando já no mundo começou a existir. Quando quis, então veio, antes de tudo, para levá-la porque ela estava guardada como refém. Havia caído entre ladrões, os quais a haviam feito prisioneira. Ele salvou-a e redimiu no mundo aos bons e aos maus.